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A Palavra Cruzada

Lizzie Garcia janeiro 19, 2018 Comportamento

Recentemente fiz uma viagem com meu esposo e atenta às novidades da região, caminhávamos sem destino.

Tínhamos visitado vários lugares incríveis, mas naquele dia uma cena me chamou muito a atenção no meio da calçada, a céu aberto, em uma rua movimentada de Buenos Aires. Uma mulher beirando aos 35/40 anos praticamente deitada em pedaços de madeira arrumados como se fossem uma “cama” e aos seus pés, um homem que parecia ser seu companheiro, dormia.

Junto ao pé dessa “cama” havia uma plaquinha dizendo: “ajuda-me a comer”. Observei
atentamente a placa e automaticamente virei meu rosto em direção à mulher. Sabe o que ela
fazia? Palavras-cruzadas.

Neste momento, como num filme em que pedaços de cenas vão se juntando rapidamente,
vários sentimentos e questionamentos apareceram diante de mim, ideias, frases, julgamentos,
indignação, enfim…

A primeira afirmação em meu diálogo interno foi:

  • Se ela está fazendo palavra cruzada é que sabe ler… e que tem inteligência!
  • Será que não há meios dela estar em outro lugar?
  • Como ela se vê nessa situação de “me ajudem?”
  • Será que é interessante para ela essa escolha de vida?
  • O que será que houve para ela estar ali? Algum problema grave?
  • O que a impediu de seguir seus sonhos? Ela tem sonhos?

Enfim, a lista imensa de porquês inundou a minha mente como se em um segundo eu pudesse ter milhões de pontos de vista desta cena, desta situação, que sei que não é única.

Conversamos no caminho, meu esposo e eu, sobre isso e um pouco mais… mas lógico que são
só hipóteses analisadas sob a ótica da nossa vida e de nossos valores… talvez pudessem parecer julgamentos e logo paramos por aí, porque sabemos que não devemos ter julgamentos sendo que cada um é livre para fazer as suas escolhas.

(Leia também: Faça mais do que te faz feliz!)

Mas continuando nosso passeio, no último dia da viagem, visitamos um local chamado “Jardim
Japonês” e certamente é um daqueles locais que você não tem vontade de ir embora!

Neste local, com uma paz e uma energia magníficas, um grupo de pessoas estava parado frente a uma tenda que vendia lembranças de uma gravura, a qual eu não conhecia: Daruma. É uma espécie de boneco que representa Bodhidharma, um monge da Índia que fundou o Zen Budismo na China. Ele atingiu a “iluminação” budista após meditar por um período de nove anos. Dizem que ele permaneceu sem mover ou fechar os olhos por este tempo.

Mas o interessante é o propósito daquela gravura… ele está sem os olhos pintados, e você
pinta/desenha um olho quando você se propõe a algo… e só completa o outro quando atingir seu objetivo! Ver a gravura com um olho só, te lembra que você tem um caminho a ser percorrido!

Qual foi o momento em que aquela mulher “decidiu” viver na rua a espera de uma comida e uma outra pessoa qualquer que decidiu aperfeiçoar-se?

Neste momento, pensei naquelas pessoas que estavam ali e seus propósitos, nos meus propósitos, nos que deram certo e nos que não deram… novamente aquela enxurrada de pensamentos vieram…

Final do ano, momento propício para ter este tipo de pensamento, pois mesmo que saibamos
que tudo é cíclico e que para alguns pode parecer uma utopia achar que algo vai mudar (os pessimistas/realistas), sempre têm os que de alguma forma olham para trás, aprendem com o que não deu certo no ano que passou e que deseja de verdade, atingir seus objetivos movendo-se MESMO para isso. Novas perspectivas, novas promessas, mudanças de hábitos, enfim, queiramos ou não, fazemos um corte e nos propomos a fazer coisas diferentes no ano que se inicia.

Sentando em um banco para admirar o local, rapidamente criaram-se dois paralelos em minha mente cruzando aquelas duas cenas: a mulher paralisada na rua fazendo palavras-cruzadas e esperando algum trocado para comer “versus” as pessoas que fazem seus propósitos e agem indo atrás de seus objetivos, aqui, agora intensificado pela imagem do Daruma.

A reflexão é: qual a diferença entre elas?

Somos seres humanos e até que se prove o contrário, com o corpo, a inteligência, iguais!
Nossa forma física é a mesma. Neste caso, parto do pressuposto de que todos temos o mesmo
ponto de partida. Talvez uns avancem e outros nem tanto?

O que leva uma pessoa inteligente esperar que sua vida seja conduzida por um desconhecido
qualquer e outra, que analisa o ano que se passou e conscientemente se planeja para
melhorar e conquistar novos aspectos da sua vida?

sabemos que não devemos ter julgamentos sendo que cada um é livre para fazer as suas escolhas

Qual foi o momento em que aquela mulher “decidiu” viver na rua a espera de uma comida e
uma outra pessoa qualquer que decidiu aperfeiçoar-se?

Quantas vezes eu mesma sentei e esperei não tomando uma decisão que era minha, mas que
a transferi para uma outra pessoa? Quantas vezes eu não tive propósito e por isso “tanto fez?”
Será que algum leitor agora também se vê sem rédeas da própria vida?

Precisamos de atuação, determinação e controle para perseguir nosso propósitos e objetivos.

Ter controle do que pode sair errado, refazer a rota e por algumas vezes, começar de novo.

Sentar e fazer “palavras-cruzadas” pode ser uma opção sim. Deixar que o que acontece a nossa volta nos guie, ou melhor, nos empurre… assim como aquele barquinho de papel colocado numa correnteza de chuva que segue sem direção certa… É diferente do barco que possui uma bússola, uma carta de navegação que indica os percalços à frente, permitindo ao condutor tomar as decisões corretas.

Sou muito grata por ter tido a oportunidade de, em duas cenas simples do cotidiano, fazer estas reflexões e quem sabe, promovê-la em outros também.

Assim como o Daruma pode estar com um olho pintado e o outro não, significando que você ainda não atingiu seu objetivo, também pode sentar e fazer palavras-cruzadas colocando uma
placa na sua frente dizendo: alguém direcione a minha vida.

Desejo que você possa fazer as melhores escolhas da sua vida em 2018! Abraço!

Lizzie Garcia

Lizzie Garcia

Profissional na Área Gestão de Pessoas, Administradora com MBA Gestão Estratégica de Pessoas com formação em Coaching.

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Tags:Daruma

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