Vire à esquerda, eu conheço um atalho!”, sinalizou meu amigo Marcos com entusiasmo, pois estávamos perigosamente atrasados para uma apresentação de projeto. Ocorre que o tal “atalho” se converteria em uma verdadeira epopeia na procura de nosso destino por mais de uma hora, fazendo-nos assim perder a reunião e a perspectiva de um importante contrato. Ou seja, em apenas uma hora (e um atalho) jogamos fora o que demoramos semanas para preparar. Mais de 15 anos passados do episódio, fico me perguntando quantas vezes tentei encontrar “atalhos” em minha vida – rotas que me levassem de forma rápida e segura ao meu destino.
Certamente não foram poucas, mas por fim entendi: a vida não tem atalhos!
Com esta súbita compreensão, descobri que para chegar ao meu destino não precisava de atalhos, mas sim de consistência. Quem procura atalhos já demonstra que não está preparado para o esforço, o sacrifício e a dedicação que fazem parte de todos os grandes projetos de vida. Hoje sei que eu certamente não estava.
Nesse processo, felizmente compreendi também que vencer na vida não significa correr para alcançar o sucesso: significa antes caminhar diligentemente em direção à grandeza. Qual a diferença?
Pessoas que buscam o sucesso têm muita pressa, pois se sentem incompletas e, por esse motivo, precisam que outras lhes digam qual é o seu valor. Assim, na esperança de se sentirem valorizadas, compram tudo o que não precisam, com o dinheiro que não têm, para impressionar quem não gostam!
Já quem busca a grandeza o faz por reconhecer seu próprio valor (ou seriam valores?). Este é o caso de Steve Jobs, Bill Gates, mas também de exemplos como nossa querida Zilda Arns, que, inconformados com a sociedade, tentaram criar produtos, serviços ou projetos que a ajudassem a melhorar.
vencer na vida não significa correr para alcançar o sucesso: significa antes caminhar diligentemente em direção à grandeza.
Devido ao trabalho que realizo, tenho o prazer de conviver com grandes profissionais e seres humanos. E com isso posso afirmar sem medo que, para a grande maioria deles, suas carreiras e vidas são sempre pautadas pela busca da grandeza muito mais do que pelo sucesso.
Sim, eu não nego que existem no mundo do trabalho (e da política) aqueles a quem chamo de “tartaruga sobre o poste” – gente que para estar onde está, certamente foi colocado lá, pois não demonstra ter competência ou fibra moral para ter subido por seu próprio mérito.
Mas esses são sempre cercados por medos e inseguranças, justamente por saberem que “os atalhos” que tomaram não os prepararam para as batalhas que agora enfrentam.
(Leia também: Sucesso: Tão desejado e tão temido)
Por isso hoje, talvez mais sábio, quando me deparo com uma encruzilhada, procuro sempre fugir dos atalhos, escolhendo assim os caminhos que foram menos trilhados.
Entendi que esses, se não são os mais fáceis ou rápidos, certamente são os que mais me fazem crescer. Afinal, tão importante quanto o nosso destino é o que aprendemos em nossa caminhada, não é mesmo?
Então, se você concorda com isso, aqui lhe deixo um importante questionamento: para que tanta pressa?
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