Se vivemos num mundo de mudanças tão bruscas e drásticas a única saída é gostarmos de viver na incerteza, caso contrário, ficaremos intensamente em conflito emocional.
A tranquilidade de se trabalhar numa empresa e ter estabilidade perene é coisa do passado. Inventaram “coisas” como o job rotation incentivando as pessoas a fazerem constantemente novas experiências profissionais e ainda criaram um plano de carreira de longo prazo que, na verdade não existe mais. Existem sim projetos de duração limitada, como afirma o professor da London School of Economics do MIT – Massachusetts Institute of Technology e da New York Univesity, Richard Senett.
Hoje posso estar numa empresa, integrado a uma equipe, conhecendo com profundidade determinado trabalho e amanhã estar em outra situação. Não que desejemos isto, mas muitos teóricos que pouco conhecem sobre os seres humanos, espalham suas ideias sem levar em consideração os personagens principais e suas básicas necessidades de convivência e auto estima.
As mudanças constantes de vínculos empregatícios aceleram o senso de pouca fidelidade, pois os laços sociais se tornam mais frágeis. Precisamos nos adaptar, mas como fazer isto em tão curto espaço de tempo?
Sem estes laços que realmente integram as pessoas, passamos a conviver em contextos volúveis e que na sequencia tornam-se desleais. Construímos um ambiente onde não se criam raízes e depois reclamamos que não há comprometimento.
Observando estes fatos, concluímos que a realização profissional torna-se mais distante ou até impossível em muitos casos, o que leva as pessoas a um profundo sentimento de insegurança e frustração.
Os jovens sentem esta situação de um jeito mais drástico e os conflitos com eles são mais intensos. Eles não percebem a prática daquilo que é divulgado e alardeado nos programas de integração. Não veem seus lideres com as competências fortalecedoras tão discutidas no mundo acadêmico. Não conseguem ver o link entre a realidade no ambiente de trabalho e os conceitos que constam nos inúmeros sites, livros e revistas do mundo dos negócios.
Também não conseguem, nos primeiros anos de empresa, pensar em carreiras de longo prazo, numa sociedade tão imediatista. Por esta razão tonam-se cada vez mais ansiosos. Salvo aqui raras exceções.
A experiência em muitos casos tornou-se sinônimo de depreciação e isto vem se intensificando conforme nossa sociedade se torna mais tecnológica. Outro fator agravante que devemos considerar é a de que os jovens são vistos como mais competitivos, pois são mais adaptáveis na volatilidade, ou como queiram alguns, são mais resilientes e, os mais maduros penam com esta situação.
A resiliência vai contra muitos princípios tradicionais. Nesta questão vivemos mais uma situação antagônica. Nossas empresas, em muitas situações, ainda têm um perfil conservador, especialmente em relação a forma como lideram as pessoas e não são resilientes em relação as necessidades humanas.
Não é por acaso que nos desdobramos para conseguir analisar o que está acontecendo. Queremos pessoas dinâmicas, arrojadas, criativas e inovadoras e também que sejam resilientes, mas não conseguimos criar um ambiente que possa realmente compreender aos novos comportamentos e aspirações.
As pessoas procuram por um sentido em relação a vida profissional. Por não encontrarem isto, passam a viver intensos momentos de incertezas e correm atrás de possíveis soluções para as angustias existenciais.
Talvez estas “coisas” respaldem a previsão de que em 2050 a doença mais comum será a depressão.
Ainda temos um tempo para mudar esta previsão de incertezas.
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