Gostei da repercussão do artigo anterior que batizei como “Quem vê DISC não vê caráter e nem coração” e por isso resolvi escrever esta aqui. Ele aborda outra uma confusão muito comum, que é a diferença entre Comportamento e Personalidade, e a aplicação errada do DISC (por exemplo) quando se tem interesse em avaliar a personalidade de um indivíduo. Aliás, se te quem te oferecer avaliação de personalidade não for um(a) psicólogo(a) ou no mínimo certificado MBTI ou similar, pergunte-o sobre seus fundamentos para estar falando sobre personalidade pois isto pode beirar o exercício ilegal da profissão.
Tenho apreço pelo significado das palavras para tudo tenha o sentido do que realmente é. Por exemplo, é muito comum as pessoas confundirem Comportamento com Personalidade, fazendo inclusive uma grande injustiça com a amplitude do que é a personalidade. Isso faz com que se ouça muito por aí: “Eu fiz um teste DISC que avalia a minha personalidade” quando na verdade o foco do que foi aplicado nesta pessoa eram apenas os seus comportamentos e alguns desdobramentos dele.
O comportamento trata-se da forma de agir influenciada pela forma como o que o indivíduo é interage com o meio externo e todos os seus estímulos. O DISC avalia os padrões de comportamentos, ou seja, resposta e interações do indivíduo frente a um conjunto de estímulos que o meio proporciona a ele, podendo este mesmo indivíduo agir naturalmente ou então de forma adaptada – quando, por exemplo, não temos a “pessoa certa no lugar certo”. Este adaptado consiste no esforço que o indivíduo estabelece para desenvolver algumas habilidades comportamentais que não são naturais ao seu perfil predominante, mas que ele concorda em desempenhar por alguma razão.
é muito comum as pessoas confundirem Comportamento com Personalidade, fazendo inclusive uma grande injustiça com a amplitude do que é a personalidade
Já quando falamos sobre personalidade, estamos nos referindo a algo muito mais amplo e complexo do que simplesmente a interação de alguém com seu meio, que vamos e venhamos, já é algo muitíssimo complexo também. A personalidade pode ser compreendida, nas palavras de Gordon Allport, como a organização dinâmica dos sistemas psicofísicos determinante da forma de pensar e agir, algo que é único em cada indivíduo, ou seja, jamais se encontrará uma outra personalidade inteiramente igual em outra pessoa. Personalidade é o suprassumo do que é pessoal, intransferível e indivisível.
Entre as metodologias aplicadas para avaliação de personalidade NÃO está o DISC. Uma das mais completas e conhecidas é o MBTI que significa Myers-Briggs Type Indicador, em português Indicador de Tipo de Myers-Briggs. Criado na década de 1940, durante a segunda guerra mundial pelas mãe e filha Katharine C. Briggs e Isabel B. Myers inspiradas pelo trabalho de Carl Jung. O modelo propõe o encaixe da personalidade de um indivíduo em 16 tipos psicológicos diferentes. Estes tipos são dispostos em um modelo que possui quatro fatores distintos, opostos e complementares a saber: Extroversão e Introversão; Sensorial e Intuição; Razão e Sentimento; Julgamento e Percepção.
A combinação destes fatores, a quem Myers e Briggs chamam de dicotomia, dá origem então aos 16 tipos de personalidades psicológicas diferentes, revelando informações importantes sobre o indivíduo respondente ao teste. Enquanto o DISC mostra como os comportamentos de um indivíduo se concentram em um ou mais dos 4 padrões propostos por William Marston. Por isso, quem vê DISC não vê, nem de perto, a personalidade, portanto prometa que, a partir de hoje você nunca mais vai confundir ou misturar as duas palavras para que eu não tenha que fazer outro texto para explicar – risos.
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