Há uma das muitas falas brilhantes de Peter Drucker onde ele afirma que as pessoas são contratadas pelas suas habilidades técnicas porém são demitidas pelos seus comportamentos.
Mas o que afinal de contas isso quer dizer? Afinal, o aperfeiçoamento dos processos seletivos com técnicas, ferramentas e análise está cada vez mais intenso.
Drucker quer dizer que contratamos os profissionais, porém demitimos os humanos. Muitas vezes é o Currículo que nos chama atenção, porém as habilidades comportamentais “daquele humano” não são avaliadas, ou quando são acabam por permanecer no raso, e aí a história nós já conhecemos.
O que pode ser feito para mudar este cenário e acertarmos nas nossas contratações ou movimentações de pessoas em cargos que existam na nossa estrutura organizacional?
Aliás, acreditamos que cabe aqui uma pergunta que precisa ser respondida: Qual é o humano que queremos encontrar no profissional que desejamos contratar? Cada pessoa possui um perfil dominante que influencia seu comportamento, e consequentemente este comportamento influencia no trabalho.
Todas as pessoas possuem um ou dois estilos dominantes, podendo possuir características mais acentuadas em até três estilos comportamentais. Porém todos buscam e estão inclinados ao sucesso, o qual poderá ser acelerado exercendo funções que condizem com o seu perfil. Isso quer dizer que, na prática, existem estilos e perfis que são adequados à determinadas funções e também a culturas organizacionais específicas.
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Analisando um pouco a história, vemos que não é de hoje que a ciência busca compreender melhor os padrões e motivos de nossos comportamentos. Na Grécia Antiga, há dois mil anos, o estudioso Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental, apresentava um modelo quadriforme que buscava retratar os principais padrões do comportamento humano. Rompendo com o misticismo da época, elaborou um método de diagnose pautado na observação não só dos sintomas da doença, mas também dos traços de personalidade que acompanhavam cada enfermo.
contratamos os profissionais, porém demitimos os humanos
Mais a frente na história, o psiquiatra suíço Carl Jung desenvolveu um modelo baseado na maneira como nós seres humanos nos relacionamos com o meio interno e externo e propôs uma conjectura em que tal relação se daria por intuição, reflexão, emoção e razão, nascendo, assim, a sua tipologia comportamental quadriforme, constituída pelos tipos Produtor, Sensitivo, Intuitivo e Analítico. Foi, contudo, no início do século XX que o estudo do comportamento humano tomou forma e começou a chamar a atenção de estudiosos e pesquisadores.
O Psicólogo e estudioso William Moulton Marston, em sua obra “Emotions of normal people”, publicada em 1928, apresentou o seu método de compreensão dos padrões de comportamento, temperamento e personalidade das pessoas. Surge então a sigla DISC, a partir dos experimentos de Marston, com o objetivo de medir os estilos comportamentais. A sigla representa os termos em inglês dos quatro comportamentos, classificados como: Dominante, Influente, Estável e Analítico. (Dica de leitura: Perfis Comportamentais e seus estilos de liderança)
As principais características de cada estilo são:
• Os profissionais que apresentam o perfil dominante são focados nas tarefas e nos resultados, são firmes e decididos, sabem comandar, são competitivos, audaciosos e independentes, não se adaptam a tarefas estáticas e necessitam constante variação.
• Já os influentes são extrovertidos e práticos, amigáveis e acessíveis, possuem bons relacionamentos por serem comunicativos e conversadores, entusiasmados e emotivos.
• Os estáveis, por sua vez, são introvertidos e teóricos. Possuem como principais características o equilíbrio, a perseverança e compreensão. São bons ouvintes e adotam postura conservadora e de lealdade. São também calmos, pacientes e prestativos.
• Por fim os analíticos apresentam grande necessidade de segurança. Apresentam grande tendência ao perfeccionismo. Sendo exigentes com a qualidade são ao mesmo tempo organizados, sistemáticos, específicos e minuciosos. Uma das grandes características é a autodisciplina. Tendem a ser retraídos e discretos.
Analisando as características de cada perfil conclui-se que a importância da avaliação do perfil comportamental nas organizações apresenta benefícios no momento da contratação, na construção de equipes, nas relações interpessoais, remanejamento e promoção do autoconhecimento.
Não se correrá, por exemplo, o risco de contratar um profissional estável para o setor de vendas. Portanto, mapear as tendências comportamentais significa obter, em tempo real e de forma precisa uma gama de informações que serão determinantes para contratar o profissional certo para o lugar certo, fazendo a coisa certa, maximizando produção e produtividade, enfim, auxiliando o gestor a obter do profissional aquilo que ele tem de melhor.
Em última análise, mapear os perfis de comportamento é um grande ato de responsabilidade humana e profissional, tanto com a empresa que demanda de uma pessoa para desempenhar um cargo, como para o humano que está buscando uma colocação profissional onde possa usar não somente suas habilidades técnicas, mas também suas competências comportamentais.
(Sugestão do editor: Assista ao Vídeo – Mapeamento de Perfil Comportamental DISC)
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