Desde a minha iniciação na carreira, junto às atividades de desenvolvimento de pessoas, já fui chamado de sonhador, utopista, otimista e tantos outros adjetivos que ao invés de me deixarem chateado ou triste, deixaram-me, na maioria das vezes, orgulhoso e motivado para provar que aquilo que pensava sobre aquele assunto poderia acontecer e, ainda mais, buscar alternativas práticas e congruentes na direção de objetivos comprováveis.
Muitas das minhas ideias e algumas previsões, baseado em fatos e possibilidades, aconteceram ao longo dos anos, desde 1992 até hoje. Outras estão ainda em gestação. Provavelmente muitas das que sobraram não as verei acontecendo.
Aqui somente um fato me interessa: a realidade, não a fantasia. Não se trata de devaneios, mas o de sonhar. Há uma diferença sutil porém importante e determinante. Daqui alguns dias uma sonda espacial lançada por sonhadores, utópicos e otimistas estará chegando ao seu destino, após 20 anos, nos confins do nosso sistema solar e irá enviar imagens de Saturno.
Nesse sentido ao escrever sobre o despertar de uma nova maneira de gestão de pessoas, não posso deixar de rever algo que há muito tem se falado, escrito e mencionado sem que efetivamente ações concretas sejam tomadas da parte das organizações, que continuam privilegiando o técnico operacional, os equipamentos e a informatização ao invés de assumir que o desenvolvimento das pessoas teria que ficar em primeiro lugar.
(Que tal ler também: RH 3.0 – Liderança de Pessoas)
As organizações que estão passando por dificuldades financeiras devido ao momento crítico que estamos, revelam e praticam as mesmas receitas cujos resultados são nulos ou praticamente inexistentes. Repetem formulas passadas sabendo que o resultado trará enormes consequências desagradáveis no futuro. Em alguns casos fazem-no deliberadamente, esperando que por um milagre, alguém apareça com um resultado ou como ouvi de um gerente de RH: “Sei que isso não irá resolver…vamos empurrando com a barriga!”.
O despertar das áreas de gestão de pessoas passa necessariamente pelo despertar das pessoas que as compõe
Temos algumas soluções? Sim. Está à disposição de quaisquer pessoas praticar. Muitas dessas soluções de desenvolvimento são gratuitas ou tem valor muito baixo.
Como exemplo, há alguns meses, lancei para um grupo de profissionais de RH, do qual participo, um evento que teria a finalidade de discutir e aprender como implementar a criatividade e inovação nas organizações, especialmente formatado para as área de gestão de pessoas/RH, algo que 10 entre 10 especialistas de mercado consideram fundamental nos momentos de crise. Valor de investimento pessoal baixo e baixíssimo para os que estivessem desempregados – algo em torno de R$ 40,00 para um evento de 8 horas. E….Nenhuma inscrição, apenas duas pessoas entre dezenas de desempregados se mostraram interessados em participar. A pergunta que faço é: como poderemos desenvolver uma gestão de pessoas diferente se não acreditamos no nosso auto desenvolvimento?
Ao descrever uma situação particular poderemos questionar a competência do facilitador, entretanto esse não foi o caso. As principais justificativas foram na direção de falta de tempo, valor alto, chefe que não permite a saída em horário de trabalho e a que mais impressionou: tenho muito para efetivar nesses dias!
No caso dos que estão desempregados nenhuma justificativa. Isso também é mais do que preocupante. É desalentador!
(Sugerimos também – A dor da aprendizagem)
O despertar do novo modelo de gestão de pessoas passará por uma nova mentalidade, novo conceito de administrar, controlar e desenvolver as habilidades e competências das pessoas que compõem os RHs, as áreas de Talentos, de Gestão de Pessoas, etc. (aqui o nome pouca importa).
Podemos ir além? Diversas universidades de renome internacional e nacional estão oferecendo cursos gratuitos online. Uma pesquisa rápida na internet e será possível escolher e aprender, sem sair do conforto de casa ou nos horários livres do trabalho, novas ideias e conceitos. Existem as exceções, poucas mas existem.
O despertar das áreas de gestão de pessoas passa necessariamente pelo despertar das pessoas que as compõe. Sem essa mudança de mentalidade, sem o fazer, sem o arriscar-se, de nada adianta o querer. Em outras palavras quase fazer e nada fazer são neste caso sinônimos que nos levam ao mesmo resultado: nada mudar!
O fazer e o tentar podem não dar resultados esperados. No entanto nada fazer, nem tentar, implica em vivermos com os mesmos resultados indesejados.
Reflita. Faça o novo, crie e recrie. Faça agora.