O evento foi grandioso. Tudo funcionou conforme havia se planejado. A decoração do salão principal estava perfeita. Desde a escada você já percebia uma fragrância suave, pois o ambiente havia sido aromatizado. Um grande lustre de cristal iluminava o salão e dava “um certo” charme europeu.
As recepcionistas eram quase perfeitas. Simpáticas e bem vestidas recebiam os que chegavam gentilmente, conduzindo-os as suas respectivas mesas. Antes porém era preciso assinar o livro de presenças.
Garçons com uniformes requintados se aproximavam e tiravam os pedidos de vinhos e drinks, respondendo dúvidas sempre com a maior presteza possível.
O som ambiente vinha do palco fracamente iluminado, onde um violinista, quase como num passe de mágica, fazia brotar uma música suave, permitindo aos presentes conversarem descontraidamente sem que precisassem levantar o tom de voz.
Assim que o salão ficou tomado, teve início o cerimonial que foi objetivo e rápido. Nos discursos, apesar das críticas a situação econômica atual, pouco foi dito que pudesse constranger as autoridades e convidados ali presentes. Afinal de contas não podemos atacar o modelo de forma tão brutal.
Os pratos passaram a ser servidos. O maître era de um dos melhores restaurantes da cidade. Conforme os pratos frios e quentes eram degustados, percebia-se a satisfação das pessoas. As opções de sobremesas e licores eram adequadas a ocasião. A cena até lembrava um pouquinho do “Banquete de Babette.”
Após o jantar, o ambiente ficou mais ruidoso. Muitas pessoas aproveitavam a ocasião para falar de negócios, da situação econômica e da corrupção vergonhosa. De maneira geral o ambiente era muito descontraído e algumas pessoas riam alto.
No dia seguinte, Mariana a grande responsável pelo evento, perguntou ao seu “chefe” o que ele havia achado e recebeu a “seca resposta”: “A salada não estava bem temperada”. Este foi todo o feedback que ela recebeu. Nenhuma palavra a mais foi dita. Nenhuma crítica adicional, nenhum elogio ou comentário.
Dias após o grande evento, Mariana participou com seus colegas de uma palestra contratada por sua empresa. O tema central era MOTIVAÇÃO. O palestrante era um destes gurus que escrevem artigos de autoajuda. Afinal de contas, as pessoas precisam estar sempre motivadas para trabalhar e nada mais adequado que uma palestra com palavras de ordem, palmas e dinâmicas que movimentam as pessoas.
E lá estava Mariana, agindo com extremo profissionalismo. Lutando consigo mesma para se mostrar sempre motivada.
Esta história não é uma ficção.
Foto: Freepik
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