Se você me permite, vou “alucinar um pouco” como dizemos na PNL, tentando adivinhar seu pensamento quando leu este título do artigo. Talvez você tenha pensado “Que ridículo”, ou então “Que sem sentido” e até “Que pergunta tola – para não dizer outra coisa”. Mas diante de tanta pressão que o mundo tem colocado sobre a figura do Líder e também de tantas fantasias que se criaram ao seu redor, que tal discutir para que ele serve mesmo, na perspectiva de visão da empresa?
Em outros artigos meus já disse que ele não é motivador e sim gerador de engajamento, e neste aspecto sua função é essencial. Drew Dudley no TED Talks de Toronto – Canadá 2010, faz uma reflexão muito simples sobre a Liderança, dizendo que nós a tornamos muito maior do que nós, quando na verdade todos temos a capacidade de exercer esta influência sobre qualquer pessoa. É aí que pode estar a chave de tudo relacionado ao “ser um bom líder”: muitas pessoas perseguem mais o cargo – e porque não falar das supostas vantagens que ele pode trazer – do que realmente o propósito de ser influenciador, gerador de engajamento e preocupado com as pessoas e não apenas com sua produtividade.
(Sugestão de leitura – Líder: motivador ou gerador de engajamento?)
Se o Líder serve para exercer influência na vida profissional das pessoas que trabalham com ele, de modo a manter o time engajado para então gerar aquele resultado de 22% a mais de performance no trabalho do qual o Instituo Gallup fala, quando ele tiver conseguido isso seu trabalho acaba e ele perde utilidade? É claro que a resposta é não, afinal “atrás daquela montanha existem outras montanhas”. Quero dizer com isso que a Liderança deve ser um processo, com viés altamente estratégico e conduzido de forma a pensar além do operacional e para isto gosto de usar uma metáfora simples, onde digo que o papel do Líder não é enxergar a rua esburacada, mas olhá-la como está e vê-la duplicada.
Pensar desta forma não o permite ignorar os buracos, mas sim olhar além deles, conduzindo seus liderados no processo que irá “tampar os buracos e ampliar a rua”. Quando falamos da função do líder para a empresa, é exatamente a isso que nos referimos. Assim, fica evidente que é também do interesse das empresas desenvolver líderes e não apenas uma iniciativa isolada dos profissionais que resolvem investir em suas carreiras na busca de uma posição de gestão.
Qualquer empresário ou empreendedor com o mínimo de bom senso gerencial quer os 22% a mais de produtividade do qual o Instituto Gallup fala muito mais do que qualquer outra coisa. Só que tanto a empresa como o profissional precisam entender que esta busca não se resolve do dia para a noite, mas sim em uma construção de esforço mútuo, pensamento sobre valores e cultura organizacional. Uma pesquisa recente da Delloite, onde gestores poderiam apontar mais de uma opção de resposta para a pergunta “Quais são os fatores críticos para o sucesso da sua empresa?” obteve o seguinte ranking de resultados:
- 76% Desenvolvimento de liderança
- 72% Gerenciamento de talentos
- 72% Criação de uma cultura de alta performance
muitas pessoas perseguem mais o cargo – e porque não falar das supostas vantagens que ele pode trazer – do que realmente o propósito de ser influenciador, gerador de engajamento e preocupado com as pessoas e não apenas com sua produtividade
Fica claro que a empresa também aposta nos líderes, principalmente com o crescente movimento de conscientização sobre propósitos, importância das pessoas, etc. Mas a empresa espera algo além das fantasias que circundam a liderança, ela quer mais que isso, na verdade ela precisa que Líder seja também Gestor, preocupado com os rumos do negócio e qual a influência dele e de seu time nesta jornada. Mas, em outra pesquisa recente, agora realizada pela KPMG com foco em Liderança e Cultura Organizacional, temos contato com um dado assustador.
(O artigo: Gestão e Liderança: onde uma começa e a outra termina pode ser ótima fonte de inspiração)
Você sabia que 91% dos líderes respondentes disseram que não atuam o tempo todo alinhados com a visão e os valores da empresa? Guardando as devidas ponderações sobre este resultado, região explorada na amostra da pesquisa entre outros fatores, vemos que ainda há muito o que caminhar na direção da liderança e da função do líder. Os programas de desenvolvimento de líderes precisam além de ampliar a percepção de seus participantes sobre a importância das competências comportamentais, dar atenção também ao pensamento estratégico.
Um Líder não alinhado com a “intensão do comandante (parafraseando Rob Roy e Chris Lawson)”, pode ser mais prejudicial à empresa, e também ao seu time, do que uma pessoa Ativamente Desengajada.. Faz parte dos requisitos do Líder ter o manejo necessário para exercer sua influência positiva sobre seu time, mas é necessário direcionar este grupo ao atendimento ao que é fundamental ao negócio da empresa onde ele atua. E é claro que este último argumento pode gerar muita polêmica com relação principalmente à questão “propósito”, seja do líder como também de seus liderados, mas isto será assunto para o próximo artigo.
Enquanto isso, peço que você continue respirando e se quiser ir lendo algo enquanto isso, sugiro livro A ARTE DA GUERRA SEGUNDO OS SEALS DA MARINHA NORTE-AMERICANA dos autores Rob Roy e Chris Lawson. Não gosto muito destas questões de liderança sob o aspecto militar que são suscitadas por este tipo de material, mas gosto de fazer um paralelo das situações de crise que o livro relata com situações análogas no mundo corporativo, onde a tomada de decisão do líder e certa dose de frieza pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Se você conseguir ler este livro com esta lente, estaremos falando a mesma língua.
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