Os empresários que atuam em nosso país, ao avaliarem os esforços que são necessários para estrita obediência das normas trabalhistas, poderão constatar
que isto os desgastou e desgasta, muito.
Serão verificadas inúmeras possibilidades de interpretação, códigos, melhores
práticas, sindicatos que “legislam” e outros mais. Assim, durante o cotidiano, poderão ser vistas situações um pouco confusas e até mesmo, engessadas.
Neste contexto, seria evidente e – até mesmo – lógico, que todos nos abraçássemos com a ideia de completa flexibilização das relações do trabalho.
Em favor desta corrente de pensamento, sobrariam exemplos de países em que isto funciona perfeitamente. Poderia ser utilizado, inclusive, o ponto de vista apresentado no artigo da revista VEJA, intitulado de “Por que os trabalhadores fogem dos países com “melhores” leis trabalhistas?”.
Neste artigo, Leandro Narloch abordava – com clareza meridiana – o quanto a “melhor” legislação de Inglaterra e Estados Unidos atraem profissionais espanhóis e portugueses, no caso europeu, e mexicanos, na América. Mesmo com leis mais seguras, isso não seria motivo para mantê-los em seus países de origem. Isto posto, não haveria dúvidas para muitos de nós – empresários – que o melhor caminho seria a TOTAL flexibilização da legislação, correto? Talvez não … e um contraponto se faz necessário!
Para isso pode-se utilizar o Estado de Santa Catarina, que se destaca, por seus ótimos índices de desenvolvimento humano. Este possui:
- a maior perspectiva de vida do país;
- seus os níveis de educação são exemplares;
- há ótimos destinos turísticos – que estão por todos os lugares – e
- a segurança ainda é boa.
Somados a estes fatores, ainda há muitas empresas listadas nos prêmios “Great Place to Work” ou “As melhores para se trabalhar”.
Se somados todos estes pontos, não haveria razões para o engessamento das normas trabalhistas e, portanto, seria até óbvia a conclusão de que as relações de trabalho neste Estado seriam excelentes. Em princípio, estaria tudo correto para a completa flexibilização. Tais argumentos, contudo, funcionariam apenas em princípio – e as devidas explicações seguem abaixo.
Sejamos forte, sempre quando a canseira da legislação trabalhista se eriçar no horizonte.
Em matéria do Jornal Diário Catarinense, intitulada “Força-tarefa resgata 34 pessoas em situação de trabalho escravo em SC”, relata-se as tristes condições de trabalho, de seres – tão humanos quanto qualquer leitor deste artigo, que seguramente não orgulham os cidadãos deste Estado.
É preciso mencionar que esta matéria levou à reflexão e escrita deste artigo e, como quem arduamente objetiva a defesa deste Estado de litoral tão exuberante, pensou-se num modelo dialético de ponto e contraponto.
1) Se fosse argumentado que este caso – dos 34 trabalhadores – tivesse ocorrido em um lugar muito remoto. Qual seria a resposta? Seria que não. O evento ocorreu em Racho Queimado, que fica a cerca de 1 hora de Florianópolis.
2) Se fosse dito que “isto não passa de um caso isolado”. A resposta também seria não, pois há 11 empresas deste Estado, na lista suja do trabalho escravo, do Ministério do Trabalho.
3) Se o ímpeto do defensor do Estado o pusesse a dizer que “seguramente, fora essas duas matérias, esse tema não é tão relevante”. Qual seria a resposta? Seria de que, mesmo um só caso não motivaria o orgulho e que – além disto – SC é citada como o 13º estado em casos de resgates de trabalhadores.
Com base nestes elementos, seria possível refletir – e concluir – que a legislação trabalhista não se aplica apenas àqueles que possuem um bom nível de formação e opções – sim, opções – para oferecer a sua mão de obra.
Também (essa legislação) não é exclusividade das empresas que se esforçam para manter condutas éticas e que observem aos preceitos legais.
Esta legislação trabalhista, que está vigente e por aí, se aplica a todo o país, com seus abissais desníveis culturais, sociais e econômicos e que busca – a legislação – uma tentativa árdua de equilibrar as relações do trabalho.
Dito isto, lanço um desafio: Sejamos forte, sempre quando a canseira da legislação trabalhista se eriçar no horizonte.
Isso vale para proteger outros seres, que como autores e leitores, também buscam seu lugar ao sol.
Força meus amigos e desejo de sucesso!
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