As empresas inventam muitos nomes para seus trabalhadores: Colaboradores, Funcionários, Pessoas, Seres Humanos, Talentos, Parceiros e outras formas mirabolantes e até criativas. Algumas vezes fica até difícil identificar de quem se trata, tal é a parafernália criada por estes modismos.
Qual é o pecado em chama-los simplesmente de empregados? O Sindicato é dos empregados, a carteira de trabalho é do empregado e o contrato de trabalho é feito entre empregador e empregado. Por que inventar estes nomes? Qual é o propósito? Eu gostaria de entender. Confesso que já tentei, mas até agora – nada. A única informação que tenho é que é mais uma daquelas “coisas” criadas por americanos. Nada contra eles, mas sim em relação a nossa mania de imitar os outros.
De tempos em tempos novos nomes são inventados. O mais utilizado hoje em dia pelas empresas ditas “modernas” é talento. Penso que muitas pessoas não saibam o significado desta palavra. Vamos ver o que ela significa: “Talento é o indivíduo engenhoso, de habilidades ou capacidades incomuns”.
Como podemos chamar de talento uma pessoa e depois manda-la embora da empresa? Esta pergunta faz sentido ou não? Alguma coisa está errada.
Sempre achei muito estranho este fato de chamar os trabalhadores de TALENTOS. Não que eles não sejam. O fato é que eles não são tratados assim na grande maioria dos casos.
(Leia também – A relação entre o desenvolvimento de talentos e o futuro da empresa)
Vejo empresas com uma plaquinha de “Setor de Pessoal” que possuem uma cultura de Gestão de Pessoas muito mais avançada, do que aquelas que alardeiam que seus empregados são talentos humanos e que assim devem ser denominados.
O Brasil é um país que procura identidade em algumas situações do ambiente global competitivo. Ainda somos novatos no quesito competitividade e modelos de gestão. Por isto testamos modelos que funcionam bem em outras culturas.
Como podemos chamar de talento uma pessoa e depois manda-la embora da empresa?
Alguns são universais e funcionam em qualquer canto do planeta, outros necessitam de uma análise mais profunda e uma boa dose de adaptação a realidade local.
Na área de Recursos Humanos gostamos muito de copiar o que os americanos ou europeus fazem. Parece que tudo o que é feito lá, funciona em qualquer canto do mundo. Com certeza não é bem assim.
Não é o ato de chamar de TALENTO que as relações por si só irão melhorar. São as práticas implementadas que sustentarão os processos de mudanças e promoverão mais engajamento, inovação e mais competitividade.
Penso que no momento em que considerarmos nossos trabalhadores como talentos de fato seremos um país mais competitivo. Enquanto isto não acontece, podemos chama-los de empregados ou quem sabe de profissionais Não vejo nenhum pecado nisto.
“Eu me torno um talento quando faço o que gosto, quando sou desenvolvido, valorizado e tratado como um indivíduo engenhoso.”
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