Blog RHThink
Hub de Insights e Opiniões sobre Gestão de Pessoas, Liderança e Comportamento
  • Principal
  • Sobre
  • Contato

Aceitação e Mudança, a mesma face da moeda

Simone Klober março 27, 2017 Comportamento, Desenvolvimento

Esse título não parece contraditório? Como assim, então as duas coisas tem o mesmo significado? A resposta é sim!!! Bom, pelo menos no contexto que quero explorar abaixo…

Em meu processo de desenvolvimento tenho constatado que na medida em que deixo de negar, amplificar ou ignorar meus defeitos e limitações, tenho aumentado minha capacidade para desenvolvê-los. Quanto mais eu tomo consciência das características que eu gostaria de mudar em mim, quanto mais eu reconheço e aceito minhas dificuldades, maiores são as possibilidades de buscar ajuda e recursos para modifica-las.

Exemplos disso são duas cenas. Uma ocorreu há quatro anos aproximadamente, quando eu estava viajando para um trabalho em outro estado, junto com uma amiga, companheira de trabalho e durante o vôo, fomos discutindo sobre a necessidade de um cliente. Eu então, muito empolgada, aproveitei para compartilhar com ela o que eu havia pensado como solução para tal necessidade, quando ouvi dela a seguinte frase: “Toma cuidado para fazer algo simples, pois muitas vezes você se desfoca do olhar estratégico, se perdendo nos detalhes, e pode colocar energia demais onde não é necessário”.

Tomando esse comentário como uma crítica, imediatamente me senti ofendida, discordei dela e usei mil e uma justificativas para mostrar que ela estava errada, enfatizando meu compromisso com a qualidade e excelência. Ela trouxe algumas situações para evidenciar o porquê de sua recomendação, mas fui contundente em afirmar que essa era uma opinião pessoal dela e que eu não via da mesma forma. Trocamos mais algumas palavras na tentativa de convencimento mútuo, sem sucesso, o que só levou a um clima pesado entre nós, silêncio durante o restante da viagem e conversas limitadas a assuntos triviais.

Apesar de toda proximidade e abertura existente na nossa relação, nenhum argumento dela foi suficiente para me sensibilizar e me fazer considerar seus exemplos e correlações. Eu simplesmente não aceitei! Não gostei! Não concordei! E por isso não mudei!

“Aceitar a nós mesmos, aos outros ou às situações “não” significa resignar-se ou acomodar-se, sem buscar evolução. Para mobilizar mudanças é necessário qualificar que a necessidade existe, ou seja aceitar que a limitação existe e que tudo bem, pois existe a possibilidade de evolução”.

Esse fenômeno, que na Análise Transacional (Leia também – Produtividade e Analise Transacional) é conhecido como “Desqualificação”, refere-se a um mecanismo interno que minimiza ou ignora alguns aspectos de si próprio, de outras pessoas, ou da situação real. O propósito desse fenômeno é manter o mapa de referência e a crença individual, que no meu caso estava concentrada no entendimento que se um profissional não tivesse “SEMPRE” um olhar focado nos aspectos estratégicos, ele não seria competente. A desqualificação muitas vezes se manifesta em linguagem que inclui a grandiosidade “sempre, nunca, todos, ninguém”, dentre outras palavras que faz com que as coisas tomem uma proporção exagerada e por isso, fora de uma realidade, fora da possibilidade de aceitação e mudança.

Podemos desqualificar a nós mesmos, aos outros ou a uma determinada situação. No caso acima, eu desqualifiquei a mim – ignorando essa minha característica de ser muito detalhista; à minha amiga – desconsiderando a visão dela e sua capacidade de percepção; e também a situação – concluindo que talvez ela até tivesse razão em alguns exemplos, mas que isso não tinha importância para o contexto.

Acontece que quando não qualificamos, não fazemos contato com nossas limitações e impedimos a possibilidade de tomar consciência disso e consequentemente de mobilizar ações para mudança, uma vez que afirmamos que tais limitações não existem.

Contudo, um dia…. (graças a Deus sempre tem um dia…) recebi um feedback semelhante de minha mãe, em um contexto totalmente diferente, fazendo docinhos de natal juntas. Eu estava me ocupando em deixar muito lisa a parte de cima dos biscoitos, e usei mais tempo do que de costume, para que não ficasse visível nenhuma ranhura na massa. Olhando minha dedicação concentrada, minha mãe sutilmente me lembrou que os biscoitos seriam pintados e que nenhuma imperfeição da massa ficaria visível sob a capa de glacê. Finalizou comentando: – “o que importa é o resultado filha, tanto detalhe nem sempre é necessário”. Automaticamente a imagem de minha amiga me veio à mente, junto com muitas outras situações passadas onde repeti tal comportamento. Lembro-me do pensamento que tive no momento, sintetizado pela afirmação e concordância: É mesmo, eu sou bem assim! Não precisa disso tudo!

“Você está Ok”, significa que eu o considero como um ser humano único e importante e encontro significado e valor em você do jeito que você é. Mesmo que você tenha muito o que crescer, aceito-o no processo de lidar com isso.

A partir desse choque de consciência, materializado na qualificação e aceitação desta minha característica, fiquei muito mais atenta e pude organizar formas de lidar com isso, como a utilização de auto questionamentos para validar a real necessidade de fazer algo, checando periodicamente: “Precisa mesmo?” e “Isso já não é o suficiente?” os quais fui treinando até calibrar meu senso crítico e auto cobrança.

Aceitar a nós mesmos, aos outros ou às situações “não” significa resignar-se ou acomodar-se, sem buscar evolução. Para mobilizar mudanças é necessário qualificar que a necessidade existe, ou seja aceitar que a limitação existe e que tudo bem, pois existe a possibilidade de evolução.

Aceitação está relacionada à nossa capacidade de Okeidade, compreendendo que “eu estou OK e você está Ok”, ou seja que temos pontos forte e pontos à desenvolver e que tá tudo certo. Para Muriel James, compreender que “eu estou Ok” significa “aceitar-me como sou, isto é, como estou em processo. Como ser humano com problemas, como alguém que pode ainda ter muito o que crescer psicológica e espiritualmente, como alguém que falhou, cometeu erros mas ainda continua em frente”.

De fato, apesar de nossa crítica tão afiada, todos nós queremos ser aceitos pelos outros. Ao escrever isso, me vem à mente as palavras da música Quero Quero de Claudio Nucci:

“Ai, eu quero, quero tanto

Que você me aceite do jeito que eu sou

Muito inibido, recatado, tímido, puro de amor…”

Ou seja, aceitação é o que buscamos no outro. “Você está Ok”, significa que eu o considero como um ser humano único e importante e encontro significado e valor em você do jeito que você é. Mesmo que você tenha muito o que crescer, aceito-o no processo de lidar com isso.

Quando vivemos na Okeidade, temos mais facilidade em reconhecer as forças e perceber as limitações (nossas e alheias), enxergando os fatos com mais tolerância, o que permite aceitar sua existência e buscar caminhos para evolução.

#AceitarParaMudar – Ótimo direcionamento para não se resignar e estagnar.

Simone Klober

Simone Klober

Founder do projeto AnaliseTransacional.com, Membro Certificado na área Organizacional em Análise Transacional pela UNAT. Graduada emPsicologia pela ACE - SC. Mestre em Gestão Estratégica das Organizações pela ESAG – UDESC. Formação em Dinâmica dos Grupos pela SBDG. Formação em BPM – Gestão de Processos de Negócio – Aura Portal da Espanha. Formação como Conselheira de Administração pelo IBGC. Sócia da CCeG

Mais posts - Website

Redes Sociais:
FacebookLinkedIn

Compartilhar nas redes sociais
Share on Facebook Share
Share on TwitterTweet
Share on Google Plus Share
Share on LinkedIn Share
Tags:aceitação, aceitar para mudar, Analise Transacional, desqualificação, mudança, Muriel James

Posts Relacionados

  • SUCESSO PROFISSIONAL: 8 Percepções para você pensar a respeito

    08/05/2018
  • POSTO OU NÃO POSTO? 4 dicas para se pensar antes de postar algo na sua rede social

    03/05/2018
  • Você é AMBIVERTIDO?

    26/04/2018
  • Minha filha perguntou: “Pai, eu sou legal?”

    17/01/2018
  • Proteja sua criança para fortalecer sua postura profissional

    17/10/2017

Busca

Redes Sociais

  • Popular
  • Recent
  • Desafios da liderança em tempos de popularização do autoconhecimento 07/06/2017
  • A Dor de uma Demissão 01/06/2017
  • As quatro etapas do desenvolvimento 31/08/2017
  • Gestão e Liderança: Onde uma começa e a outra termina? 12/01/2017
  • Será que nossas empresas estão realmente preparadas para os humanos que querem contratar? 21/06/2017
  • 4 ferramentas para RH que você precisa testar agora 22/03/2019
  • INTELIGÊNCIA EMOCIONAL – UMA HABILIDADE NECESSÁRIA 09/01/2019
  • O EFD – REINF – OQUE VOCÊ PRECISA SABER 14/11/2018
  • INSIGHTS PARA UMA BOA AVALIAÇÃO DE REAÇÃO 05/11/2018
  • 15 COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS E PRÁTICAS DE DESENVOLVIMENTO 24/08/2018

Newsletter

Categorias

  • Carreira
  • Comportamento
  • Desenvolvimento
  • Destaque
  • Gestão de Pessoas
  • Liderança
  • Recolocação
  • Relações Trabalhistas
  • Uncategorized
  • Video

Tags

aceitação Analise Transacional aprendizagem atitude autoconhecimento cerebro Ciclo de Vida coaching comunicação criatividade crise cultura organizacional currículo desenvolvimento desqualificação DISC Domenico de Masi eneagrama engajamento entrevista Eric Berne eSocial estratégia facebook feedback Flow Futuro inovação inteligencia emocional lider liderança Maslow mentoring Mindset motivação Muriel James neurociencia perfil comportamental propósito qualificação resiliencia talentos tomador serviço treinamento zona de conforto

Redes Sociais

Facebook

Posts Recentes

  • 4 ferramentas para RH que você precisa testar agora Romualdo Silva
  • INTELIGÊNCIA EMOCIONAL – UMA HABILIDADE NECESSÁRIA Juan O’Keeffe
  • O EFD – REINF – OQUE VOCÊ PRECISA SABER Neise Nascimento