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A sutileza da intimidade no ambiente pessoal e profissional

Simone Klober março 02, 2017 Comportamento, Desenvolvimento

Embora possamos pensar que esta palavra se limita unicamente ao contexto sexual, em uma relação a dois, percebemos que intimidade é bem mais do que isso, visto que muitos casais podem passar anos convivendo, sem ter um momento de intimidade real.

A intimidade tem uma importância e abrangência muito maior e é um dos principais alicerces do relacionamento intra e interpessoal assertivo verdadeiro e sustentável.

Intimidade é o nível mais profundo de relacionamentos entre os indivíduos, fornecendo reconhecimentos incondicionais positivos e uma profunda liberdade que se manifesta na leveza e na maravilha de ser quem se é. Suas características fundamentais são consciência, espontaneidade, autenticidade, empatia e aceitação.

Para a Análise Transacional, “intimidade significa sinceridade espontânea e livre de jogos de uma pessoa consciente”. Refere-se à capacidade do indivíduo, conscientemente estruturar seu tempo em relacionamentos sinceros, no aqui e agora, sem jogos, sem encenar, sem máscaras, sem disfarces.

(Leia também – O que é mais importante para você: Trabalhar ou ter tempo livre? )

Na intimidade não há necessidade de justificativas, onde se responde livremente e diretamente ao que se vê, se ouve e se sente. É mobilizada por uma vinculação e ligação profunda que mobiliza os sentidos, envolvendo proximidade, verdade e um momento de troca única, com liberdade para ser e para se perceber o que se é na essência.

Sem confiança, não pode haver intimidade, sendo que o inverso também é verdade.

Podemos ter intimidade conosco mesmos e intimidade com os outros. Entretanto, dificilmente conseguimos desfrutar de intimidade com os outros, sem que tenhamos essa proximidade conosco, sem nos apropriarmos de quem somos, pois intimidade refere-se à capacidade de vincular o próprio mundo interior com o do outro em simples cumplicidade.

Agora, é possível ter intimidade no ambiente organizacional?

Não só é possível, como é fundamental para viabilizar o diálogo assertivo. Para Michael Slind e Boris Groysberg, em seu artigo “Liderança é Diálogo” (Harvard Business Review Press, 2012), a intimidade é condição sine qua non para o diálogo organizacional, que é uma tendência moderna contrária à abordagem centralizadora da gestão – o famoso “comando e controle” ficou cada vez menos viável nos últimos anos. Com a globalização, novas tecnologias, mudanças na forma como a empresa cria valor e interage com clientes e profissionais da geração Y e Z, reduziu-se drasticamente a eficácia de um modelo de liderança puramente impositivo.

A estrutura do diálogo organizacional é mais parecida com uma conversa íntima entre duas pessoas do que uma série de ordens disparadas o alto para baixo. Ao “falar com o pessoal” ao invés de simplesmente dar ordens, o líder pode manter ou recuperar alguns dos atributos importantes para a competitividade organizacional, como a flexibilidade operacional, alto grau de engajamento dos funcionários, além de forte alinhamento estratégico.

(Que tal ler também: Líder: Motivador ou gerador de engajamento? )

Para que a intimidade do diálogo ocorra no ambiente organizacional, são necessários alguns importantes requisitos: confiança, proximidade, saber ouvir e empatia.

Sem confiança, não pode haver intimidade, sendo que o inverso também é verdade.

Ninguém vai participar de uma troca sincera de opinião com alguém que pareça ter algo oculto, ou se mostre hostil. Qualquer conversa entre pessoas, só será gratificante e assertivamente relevante, se os envolvidos acreditarem que a pessoa a sua frente realmente é quem parece ser.

Contudo, a partir dos resultados das pesquisas com foco na mensuração da satisfação dos profissionais, vemos que é muito comum nas empresas, os profissionais sentirem dificuldades em depositar fé em seus líderes, que só conquistarão essa confiança se forem próximos, autênticos e diretos.

Saber ouvir é outro atributo importante para gerar confiança. Poucos comportamentos contribuem tanto para a intimidade do diálogo, quanto escutar aquilo que o outro diz.

E, curiosamente, não é necessário ter palavras para poder ouvir. Intimidade também é compartilhar momentos de silêncio. É o olhar compreensivo e as mãos nos ombros do colega que está enfrentando uma dificuldade. É estar atento ao que o outro diz, mesmo sem dizer. Prestar atenção de verdade, conectado com o outro, indica respeito, que por sua vez mobiliza a intimidade.

 

A proximidade reduz distâncias e possibilita a criação de laços entre as pessoas. Para que a intimidade ocorra, deve haver proximidade tanto no sentido figurado, quanto no sentido literal. É fundamental que o líder minimize a distância institucional, comportamental e, quando possível, também a distância espacial. No entanto, independentemente da proximidade física, o essencial é a proximidade mental ou emocional.

Um líder adepto ao diálogo e a intimidade organizacional desce do trono empresarial e encara o desafio de se comunicar de forma pessoal e transparente com sua equipe, permitindo-se mostrar como ele é com suas virtudes e fragilidades. Essa proximidade, comprovadamente contribui para as mudanças e desenvolvimento das pessoas, pois a confiança e proteção oferecem a segurança de que não seremos julgados e sim orientados e compreendidos.

Empatia é também um dos requisitos para intimidade. É o que permite a um pai olhar no rosto cheio de lágrimas de seu filho que acaba de enterrar seu cachorro que morreu. Colocar seu braço nos ombros do garoto e dizer, olhando-o nos olhos: “É triste ter que enterrar um amigo, eu sei como é…”, convidando o garoto a se afundar em seus braços, desabafando a tristeza. Nesse momento, pela empatia eles tornam-se íntimos, permitindo demonstrar a fragilidade, expressar a proteção, compreensão e aceitação.

Alcançar a aceitação mútua – de si mesmo e de outra pessoa – é outro elemento crucial para intimidade. Aceitação significa admitir e acolher pessoas na sua vida (e acolher a si mesmo exatamente como elas (ou você) são naquele momento. Aceitar significa: “Está bem você ser do jeito que você é”. Aceitar é um “encontro” – pessoa a pessoa – reconhecendo as potencialidades interiores, sem dar ênfase unicamente em comportamentos a serem mudados. É o mesmo que dizer, “não o rejeito por ter problemas e limitações”. Muriel James em seu livro “Um novo eu” lembra que “Aprovação” e aceitação não são sinônimos. Posso não concordar com seus atuais problemas e limitações tanto quanto você, mas ainda assim posso mostrar a aceitação e principalmente apoio para modificar o que você quer mudar em si mesmo.

Saber ouvir é outro atributo importante para gerar confiança

Assim, extraordinariamente, a intimidade a partir da aceitação ao invés de estimular a acomodação, nos mobiliza para a mudança e nos convida ao desenvolvimento, a sermos a cada dia melhores, uma vez que o foco da aceitação reside no foco ao potencial e no apoio e suporte para o desenvolvimento mútuo.

Agora, é importante advertir que intimidade é para os fortes! Para os corajosos que se propõe a entrar em contato consigo mesmo e verdadeiramente ser o que se é.

Pode parecer arriscado, eu sei. Sobretudo no ambiente organizacional, tão profissional, formal, distante. Mas que risco é maior? Demonstrar a vulnerabilidade em relações próximas e reais, ou manter-se em relações superficiais que conduzem a jogose um gasto de energia pago por horas de sono e medicamentos contínuos?

Quanto a mim, como gosto de desafios e já experimentei o outro lado, prefiro arriscar! Devo compartilhar que tenho colhido ótimos resultados, com parcerias sinceras em relações saudáveis que tem me proporcionado muito mais leveza, relacionamentos sólidos e resultados surpreendentes. Que tal experimentar?

Se quiser conhecer mais a respeito, uma leitura bacana é a que indiquei acima: o livro da Muriel James – Um novo “Eu”. Apesar de ser um livro não mais editado, você consegue encontrar em sebos virtuais. Trata-se de uma leitura objetiva, com muitos exercícios práticos, ao mesmo tempo com uma profundidade científica de uma das maiores escritoras sobre Análise Transacional.

Simone Klober

Simone Klober

Founder do projeto AnaliseTransacional.com, Membro Certificado na área Organizacional em Análise Transacional pela UNAT. Graduada emPsicologia pela ACE - SC. Mestre em Gestão Estratégica das Organizações pela ESAG – UDESC. Formação em Dinâmica dos Grupos pela SBDG. Formação em BPM – Gestão de Processos de Negócio – Aura Portal da Espanha. Formação como Conselheira de Administração pelo IBGC. Sócia da CCeG

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Tags:aceitação, ambiente organizacional, Analise Transacional, assertividade, consciencia, cumplicidade, dialogo organizacional, empatia, entimidade, espontaneidade, intimidade, liderança

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